A importância da temperatura de cor na iluminação

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A temperatura de cor é um dos componentes fundamentais de uma boa iluminação. Além das vertentes estética e funcional, a temperatura de cor influencia também a percepção emocional do ambiente, tendo impacto no bem-estar das pessoas que frequentam o espaço.
A falta de cuidado na seleção da temperatura de cor adequada, pode trazer consequências negativas, pelo que a sua escolha deve ser bem ponderada.
O que é a temperatura de cor?
A temperatura de cor, ou CCT — temperatura de cor correlacionada, em inglês correlated color temperature —, refere-se à aparência cromática da luz emitida por uma fonte de luz.
A temperatura de cor expressa-se em kelvin (K) e quanto menor o número de K mais quente será a sua tonalidade; pelo contrário, quanto maior o número de kelvin, mais fria será.
Temperaturas de cor baixas: com valores até aos 3500K, estas luzes são percebidas como quentes, têm uma aparência mais alaranjada ou amarelada, e criam uma atmosfera acolhedora e relaxante.
Temperaturas de cor altas: estas luzes são consideradas frias, têm uma tonalidade mais azulada e os seus valores a começam nos 5000K.
Entre as luzes de cor quente e fria, existem as temperaturas de cor neutras, com valores entre os 3500 e os 5000 K e de aparência branca.

Uma pequena explicação mais técnica: a temperatura de cor baseia-se na Teoria de Planck, ou Lócus de Planck, que defende que um corpo negro — um objeto hipotético que não reflete nem é atravessado por nenhuma luz — varia de cor conforme a sua temperatura (em kelvin). A tonalidade de uma luz seria, então, a mesma tonalidade que o corpo negro assumiria a essa temperatura.

Lócus de Planck — linha preta — sobre o diagrama cromático CIE 1931.
A influência da temperatura de cor
A temperatura de cor tem um impacto significativo na atmosfera de um espaço. A escolha da temperatura de cor correta pode transformar um ambiente, tornando-o mais acolhedor e relaxante ou brilhante e energizante, dependendo da finalidade.
Luzes quentes: ideais para criar ambientes que convidam ao relaxamento e ao conforto; a iluminação de tons quentes pode ser utilizada em salas de estar, quartos, restaurantes e bares.
Luzes neutras: iluminação branca que favorece os ambientes onde se desempenham tarefas que requerem uma boa visualização e concentração — ex: cozinhas e escritórios —, mas também onde são exigidas maiores capacidades de visualizar cores e texturas com precisão — como museus ou lojas de roupa.
Luzes frias: ideais para espaços que pretendem criar uma atmosfera energizante e estimulante.

Iluminação com luz quente, luz neutra e luz fria
Variações na aparência da luz
Duas fontes de luz com a mesma temperatura de cor podem ter uma luz de tonalidade visivelmente diferente. Porquê? Devido às diferenças no Desvio Padrão de Correspondência de Cor, do inglês Standard Deviation of Colour Matching (SDCM).
A utilização de luminárias com um valor SDCM elevado, pode afetar diretamente a qualidade e a uniformidade da iluminação, comprometendo tanto a beleza quanto a funcionalidade de um espaço. O valor SDCM mede a consistência da cor emitida pelas fontes de luz e tem como base as elipses de MacAdam.
As elipses de MacAdam consistem num gráfico com vários círculos concêntricos, com o eixo central na temperatura de cor alvo, onde é depois assinalado o centro da temperatura de cor da fonte de luz. É, então, verificada a distância entre o centro da temperatura de cor alvo e o centro da temperatura de cor real: a circunferência dentro da qual se situar o centro da temperatura de cor real, corresponde ao desvio da correspondência de cor.
Quanto menor a distância em SDCM, menor o desvio da correspondência da cor:
1 SDCM: não há diferença visível na cor
2 SDCM: a diferença na cor pode ser detetada apenas por instrumentos de medição
3 SDCM: existem inconsistências ligeiras na cor que podem ser visíveis ao olho humano
4+ SDCM: os desvios de cor são visíveis ao olho humano
Vejamos um exemplo:

Exemplo: Luminária 3000K com desvio de 2,0 SDCM
Como referência, considera-se 3 SDCM o desvio máximo admitido em ambientes interiores e 5 SDCM em ambientes exteriores.
As fontes de luz com baixos valores SDCM revelam uma maior qualidade no fabrico e no controlo de qualidade do produto, podendo ser um indicador da utilização de componentes LED de maior qualidade.
A uniformidade da temperatura de cor é essencial para contribuir para um ambiente agradável e harmonioso.
Temperatura de cor e bem-estar — Human Centric Lighting
A temperatura de cor está intimamente ligada à Iluminação Centrada no Ser Humano, mais conhecida como Human Centric Lighting (HCL). Esta abordagem inovadora ao design de iluminação, pretende criar espaços mais saudáveis e produtivos para viver e trabalhar.
Este conceito surgiu da necessidade de reduzir o impacto da iluminação artificial no nosso ritmo circadiano.
Ritmo circadiano
Também designado como ciclo circadiano;
Ritmo natural do corpo intimamente ligado à presença da luz;
Impacta os processos de secreção de hormonas, que condicionam, por exemplo, os padrões de sono-vigília e a regulação da temperatura corporal;
Nos primórdios, esta relação estava apenas condicionada à luz solar, que regia também as atividades do Homem;
Com a introdução da luz artificial, o vínculo natural entre o ciclo do sol e o ciclo do corpo foi-se perdendo.
Com o objetivo de reduzir os impactos negativos da iluminação artificial e melhorar o nosso bem-estar através da gestão da temperatura de cor e níveis de iluminância em ambientes interiores, surgiu a Iluminação Centrada no Ser Humano.
Uma iluminação centrada nos conceitos de HCL visa simular o impacto que a luz solar, enquanto iluminação exclusiva, teria no nosso corpo, podendo de contribuir positivamente para a nossa sensação de bem-estar, para o humor, e de melhorar a qualidade do sono, através da regulação dos ciclos de sono-vigília.
Um exemplo básico de uma iluminação baseada nos princípios de HCL:
Ao acordar, uma temperatura de cor quente prepara o corpo para o novo dia;
Ao longo da manhã a temperatura de cor vai subindo (ficando mais fria), e mantém-se nos tons neutros até meio da tarde, promovendo a concentração e energia necessárias para o trabalho;
Ao final da tarde, a iluminação de tons mais quentes vai preparando o nosso corpo para o sono, contribuindo para as sensações de calma e tranquilidade.

Os princípios desta iluminação respeitadora dos padrões naturais do nosso corpo podem ser utilizados em diversos ambientes, como escritórios, escolas ou meios hospitalares, mas é, sem dúvida, nos ambientes residenciais que os potenciais efeitos positivos da HCL terão um maior impacto, devido ao longo prazo de utilização.
Como escolher a temperatura de cor ideal?
A escolha da temperatura de cor deve considerar:
Os objetivos do espaço e a atmosfera pretendida;
Os tipos de atividades realizadas;
Os materiais, cores e texturas predominantes;
O impacto que a luz poderá ter nos utilizadores do espaço.
A temperatura de cor é um elemento essencial no design de iluminação que não deve ser subestimado. Ao compreender o que é a temperatura de cor e a forma como afeta a atmosfera e o bem-estar, é possível criar espaços mais funcionais e agradáveis.
Ao planear a iluminação de um ambiente comercial, deverá ter em mente a enorme importância da temperatura de cor e como poderá utilizá-la para criar experiências memoráveis.
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